Bruce Dean Willis

is Professor of Spanish and Comparative Literature at The University of Tulsa. His research and publications focus on diverse aspects of poetry and performance, and expressions of Indigenous and African cultures, in Latin American literature, particularly Brazil, Chile, and Mexico.

TIME FOR CHOCOLATE is available for purchase through One Act Play Depot! A brief description:

An intoxicating evening of music, poetry, and chocolate... in pre-conquest Mexico!
Based on a fifteenth-century dialogue among nobles schooled in rhetoric and philosophy, the play pits father against son in a war of words over the power and beauty of artistic expression.

Thursday, January 27, 2011

Macaw 1981

I knew it was around here somewhere, and I finally found it: a colored chalk drawing of a scarlet macaw that I made in eighth-grade art class thirty years ago! 

Somewhere around here I may still have crayon drawings I made of more generic "parrots" when I was even younger. Evidently I've been nurturing a lifelong interest in psittacine coloration.

Thursday, January 20, 2011

O Moleque e a Preguiça

Escrito como se fosse um trecho perdido e achado de Macunaíma (Mário de Andrade, 1928), lá pelo capítulo XII...

Gritando pelas ruas veio um moleque. Veio o moleque berrando, "Vendo preguiça! Preguiça à venda!"

Jiguê, com fome e com raiva, disse pro benjamim: "Vá por ai."

Mas Macunaíma, primoroso, falou, "Vou à procura da pesquisa da preguiça!"

Seguiu o moleque pelas avenidas e pelos bulevares o dia todo. Enfim achou na Rua Lopes Chaves.
Arfando, de mãos nos joelhos, Macunaíma apenas pôde perguntar, "Qual seu nome, rapaz?"

"Mário."

"Como é que é que 'tá vendendo preguiça? Tinha sabido dessa novidade eu também vendia."

"O senhor tem preguiça também? Onde?"

"Onde a sua! Não estou vendo preguiça nenhuma, não!" O herói estava zangado. "Você vem aqui correndo e gritando, e eu seguindo feito arara maluca!" Assim foi a origem da expressão, 'ficar uma arara.'

O moleque pelou dentes de orelha a orelha e indicou pela avenida. "Lá longe ela vem devagar."

Macunaíma espreitou à distância um pequeno vulto pendurado dos fios elétricos. "Essa preguiça nunca vai chegar."

"Isso," disse o Mário. "A preguiça não chega. Ela só é."

"Então quem vai querer comprar preguiça? Nem dá para comer bem."

"Ela é muito produtiva. O senhor não percebeu que a preguiça é essencial para uma civilização tropical como a nossa?"

"Nada disso, molequinho. Essencial só é comer, brincar, dormir. A preguiça até impede."

O Mário deu uma grande gargalhada. "Pois sim! E o único que sabe fazer a preguiça! De tudo isso ela dá lições. Não perca a oportunidade de compra!" E o moleque tinha razão.

"Me dá em 50 cacaus."

"Cacaus?"

"Não foi você que falou em civilização tropical?"

"Então 200."

"O que é isso? 100."

"150. A preguiça não é barata."

"100! Nem um cacau a mais!"

"Então não vendo não. Vou continuar tomando conta da preguiça."

Macunaíma, muito aborrecido, proferiu uma das favoritas de sua coleção de palavras-feias. Fingiu indiferença e se foi embora. Mas escondeu-se detrás de um poste de luz e esperou que o Mário saisse. Depois foi correndo correndo até onde pendurava a preguiça, já com farta fome, e tirou sua zarabatana. "Fácil que nem pescar com cunambi," disse o herói.

Deu na preguiça, preguiça caiu. Mas, deitada na rua, ela não morreu não, ela crescia e crescia até se tornar o Ai-Pódole, Pai das Preguiças. Ficou do tamanho de um prédio, de garras enormes, rabo como um trem, uma preguiça pré-histórica! Agitou o rabo derrubou um bonde cheio de italianos, alemães, japoneses, bolivianos, espanhóis, libaneses, nordestinos e um caboclo todos numa confusão de pernas pro ar no meio da rua.

Macunaíma ficou estarrecido. Berrou pelo moleque, "Mário! Mário! Olha só a maldição que você fez! Grandíssima bobagem sua civilização tropical!"

Mas o Mário lá estava entre a humanidade oceânica. Respondeu, "De jeito nenhum! O senhor robou, agora a preguiça é do senhor!" E o moleque Mário se foi embora pra fazenda de um amigo em Araraquara, se deitar numa rede compor rapsódia.

Macunaíma olhou pro animal descomunal e coçou a cabeça. "Ai, que preguiça!"

No meio do pavor dos transeuntes e o caos vial apareceram Maanape e Jiguê na procura do herói. No entanto o Ai-Pódole comia tranqüilamente as flores do balcão do sétimo andar do Hotel Versailles.

Falou Maanape. "'Ta vendo, irmão? Essa sua preguiça já cresceu demais." E jogou na ponta da garra do Ai-Pódole um pó mágico que preparasse.

O Ai-Pódole, de supetão, encolheu e encolheu e ia se encolhendo até ficar a preguicinha que vendia o moleque. Maanape era feiticeiro. Então recolheu a preguiça da rua e levou pro Ibirapuera.

Falou um italiano, "São Paulo é uma barbaria."

Falou um alemão: "Os brasileiros são bárbaros."

Porém Macunaíma não agüentou e gritou, mãos nas costas, pros paulistas de todas as cores e de todos os tamanhos, "A preguiça é essencial para uma civilização tropical como a nossa!"

A multidão apupou e se dispersou pro banco, mercado, correio, armazém.

Macunaíma ficou zombado. Fez rede da bandeira paulista no balcão do Hotel Versailles, se deitou, e começou a mijar quente nos pedestres lá embaixo.

Jiguê, faminto, foi caçar anta à beira do Tietê. Jiguê era muito bobo mesmo.

Friday, January 14, 2011

Mi molcajete

Echale a mi molcajete,
grande como los maizales,
cabal titipuchal de "-atles"
y un buen retechorro de "-etles."

Echale chicozapote,
cacahuate, chocolate,
aguacate, jitomate,
tejocote al tejolote.

Muélele, muélele, ¡dale!
Muélele, muélele, ¡vale!

Agrégale unos chayotes,
nopales, ejotes, chiles,
epazote con quelites,
camotes, nanches, elotes.

Echale al Valle de Anáhuac,
grande como un mundo entero,
todas las luces del cielo,
todos los gustos del náhuatl.

Muélele, muélele, ¡sale!
Muélele, muélele, ¡chale!

Monday, January 10, 2011

Olmecs Invade Los Angeles

On Saturday, 8 January 2011, a colleague and I had the good fortune to visit the exhibit Olmec: Colossal Masterworks of Ancient Mexico at the Los Angeles County Museum of Art (LACMA) one day before the exhibit closed. The very well-attended exposition culled pieces from the major anthropology museums in Mexico City and Xalapa as well as the Smithsonian and other collections.
The to-scale drawing below, of the extant examples of the famous colossal heads, was a well-conceived way to contextualize the two heads on display at the exhibit.
The following photos show details from an augmented mural. I had not previously seen any example of two-dimensional Olmec art. The accompanying text explained that the mural depicts, as on the shell of a (cosmic) turtle, the life and death of the maize god.
Another exhibit wall displayed a further example of Olmec graphic design, reproduced from a cave in an area--Guerrero state--that I believe is not usually associated with the Olmec. My colleague and I agreed that the image (below), whose composition is assigned to the 1st or 2nd century AD, looks strikingly modern.
In my non-specialist view, the exhibit was a commendable effort, with plenty of examples of three-dimensional art both large-scale and small. I wished, though, for a bit more contextualization: it's fine to let the works speak for themselves, but more visual information could have been provided for the visitor, such as, perhaps, photos or a diorama of the tropical Gulf lowlands of present-day Veracruz and Tabasco; an artist's rendering of how the Olmecs would have moved the massive heads into place; and flat reproductions, in color, to accompany the bas-reliefs, since the imagistic detail, because monochromatic as well as unfamiliar, is often difficult to discern.

Monday, January 3, 2011

Lost Legends Triptych: Sonnet III

A beira do amplo rio inacabável,
deliravam soldados acabados:
numa beligerância formidável,
caiam os companheiros flechados.

Mas a força guerreira inexorável,
eram mulheres de seios cortados?
De cabelo longo e rosto implacável,
as Amazonas de arcos alongados?

Viram o que viram, ou o que quiseram?
Desvairaram, inventaram, fizeram?
Todos levamos, como com cadeia,

o que não podemos deixar de ver,
o que não devemos deixar de crer:
o Colombo atônito ante a sereia.

Sunday, January 2, 2011

Lost Legends Triptych: Sonnet II

Escondida está la ciudad dorada,
sus tesoros envueltos en maraña.
Los fieles locales guardan con saña
su secreto, cual súplica sagrada.

Quien encuentre la entrada deseada
tendrá que dominar fuerza con maña:
el cacique, que en su lago se baña,
a sus guerreros manda a la emboscada.

Y El Dorado zambulle entre destellos
de su antiguo museo sumergido.
Sus riquezas son los reflejos bellos

de lo que los iberos no han intuido:
que en vez de espadas clavar en poblados,
hubieran aprendido a echar clavados.

Saturday, January 1, 2011

Lost Legends Triptych: Sonnet I

Of youth the fountain Spaniards sought in vain,
its spurting plumes imagined, jets of froth,
crystalline showers of nourishing broth,
miraculous relief from age and pain.

Perhaps the font, difficult to obtain,
surged hidden from a swamp or barren swath.
Would it be wont to bathe bereft of cloth,
or only drops upon the tongue to rain?

The puzzle ground down into sterile loam.
The searchers were not used to giving up.
Had they but thought to make by hand the foam,

upon its form to ponder and to sup,
then youth had sprung from joyful font of bone,
its essence to imbibe from rustic cup.