Bruce Dean Willis

is Professor of Spanish and Comparative Literature at The University of Tulsa. His research and publications focus on diverse aspects of poetry and performance, and expressions of Indigenous and African cultures, in Latin American literature, particularly Brazil, Chile, and Mexico.

TIME FOR CHOCOLATE is available for purchase through One Act Play Depot! A brief description:

An intoxicating evening of music, poetry, and chocolate... in pre-conquest Mexico!
Based on a fifteenth-century dialogue among nobles schooled in rhetoric and philosophy, the play pits father against son in a war of words over the power and beauty of artistic expression.

Wednesday, July 11, 2012

As Arvores da Vida

Altas, amarelas, delgadas e puras, rodeadas por cogumelos: são as árvores como falos que as mulheres da tribo abraçam e mordem... Estas árvores selváticas não são seringueiras que dão látex. Melhor ainda: a casca destas árvores possibilita a fertilidade ilimitada das mulheres ao longo de todos os anos da vida. Além disso provém a única defesa natural contra a malária. Quase a fonte da juventude em forma botânica, eis o tesouro do romance State of Wonder escrito pela celebrada autora norte-americana Ann Patchett.



A protagonista--a Dra. Marina Singh--sai do frio de Minnesota pra selva amazônica na procura do companheiro de trabalho desaparecido, talvez morto já. Fica claro que Marina vai achar mais do que isso: encontrará a famosa cientista Dra. Annick Swenson, paga pela mesma empresa farmacológica onde trabalha Marina e cujo presidente é o amante de Marina. No tempo que leva nos altos do Rio Negro, a Dra. Swenson tem desenvolvido todo um sistema de aliados e evasivas--não porque não tenha resultados, mas sim porque tem que protegê-los: proteger o precário segredo das altas árvores amarelas. Swenson, comparável com Kurtz do Heart of Darkness, dá vida e dá morte e dá vida-morte nesta narrativa em que os poderes da mortalidade concentram-se nas suas mãos. (A narrativa nos leva com um suspense apoiado pela memória de uma operação cesariana malfeita por Marina.)

O texto descreve a selva com seus insetos e a inevitável cena com uma cobra anaconda. A cidade de Manaus, onde visitei, é também descrita com precisão imaginativa. Conhecendo a área, e parte do folclore regional, eu tivesse gostado de ver no romance uma maior conexão com a iara, por exemplo, ou outros tropos amazônicos de sempre, pois as árvores que são o objetivo das pesquisas farmacológicas no romance, sugerem a conexão com tantos outros exemplos de produtos e seres explorados. Também tivesse gostado de um melhor cuidado do "bom e velho português" (nem que a minha expressão no idioma fosse perfeita). Em State of Wonder o português aparece só em algumas palavras ou frases breves, erradas com freqüencia - "jaca" (faca), "Dr." (Dra. quando mulher), e "obrigado" por "obrigada" quando fala uma personagem feminina que já deve saber disso!

O romance anterior da autora, Bel Canto, também é situado na América do Sul, em um país não identificado. Fica evidente o apreço que tem Patchett pelas maravilhas do continente. A maior maravilha, porém, talvez seja a ousadia de escrever um romance com final feliz (relativamente feliz) - de afirmar que as nossas opções humanas nem sempre são tão trágicas.