Tuesday, May 19, 2009

De Andrades

An imaginary dialogue between two titans of Brazilian modernismo, Oswald de Andrade (1890-1954) and Mário de Andrade (1893-1945), full of references to their works and lives.


Oswald: Ô, Mário, como vai, o que comeu?

Mário: Quem comeu foi você, porém não leu.

Oswald: Ninguém lê tanto quanto você.

Mário: É mesmo assim, isso tem quem crê.

E aquela segunda dentição, caiu?

Oswald: ’Tava faltando você tirar o fio!

Só a antropofagia nos une, então.

Mário: E mais, segundo dizem, Um Só Coração.

Quando você vai devolver meu muiraquitã?

Oswald: Peguei não, Mário, o meu tem forma de rã.

Mário: Sapo boi, deve dizer: você foi quem pagou os apupos.

Oswald: Bem pagos. Se não, você não baixava o escudo!

Nem com a Pagu, quando você foi professor de piano dela.

Mário: Ela tem espírito de malazartes, mas eu as prefiro belaz!

Acredite nos quadros da Anita, da Tarsila.

Oswald: Ah, aquela Abaporu... só a Pagu podia segui-la.

Não agüento mais a rima! Somos modernistas enfim.

Mário: Bem: você, vá digerir nosso diálogo. Eu, vou comer amendoim.


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